sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Onde está o tal do décimo?



Neste momento de espontâneo prazer e amor natalino fiz questão de dissertar as atitudes do bom velhinho calcada apenas para os adultos, sendo estes guardiões dos bons costumes e do prazeroso e anual ritual cristão, ficando as crianças na esperança de algo novo, nem que seja um presentinho. Pois bem, comemora-se o que no natal? Não é um dia comum, são dois dias, um que antecede a grande festa e o outro que ninguém vê nem agüenta devido a ressaca da véspera. O que realmente significa o Natal? Uma festa da família? Uma comemoração por algum feito histórico? Ou seria um dia como outro? Isso com certeza não. Comemora-se então o aniversário de Jesus Cristo. Pois bem precisamos então de presentes, e festa, e música e como em todo aniversário, o bolo, substituído então pelo não tão famoso Pane tone, vindo diretamente das montanhas geladas onde hiberna o Barba Branca, dono da festa, chamado Papai Noel.
A figura conhecida mundialmente como Papai Noel (ou Santa Claus, em inglês) tem como base um bispo do século IV, Nicolas de Mira (atual Turquia), reconhecido por sua extrema bondade e carinho, especialmente pelas crianças. A versão americana do Papai Noel, importada da Europa, segundo algumas pessoas seria derivada de uma lenda holandesa, trazida para o Novo Continente pelos colonos que se estabeleceram em Nova Iorque ainda no século XVII. A consolidação dessa imagem se deu, porém, somente a partir do século XIX, com a publicação do poema "The Night Before Christmas" (A Noite Antes do Natal), de autoria de Washington Irving. A imagem conhecida por todos, foi por sua vez, popularizada mundialmente a partir de um modelo criado na segunda metade do século XIX pelo desenhista da revista Harper's, Thomas Nast. Esse habilidoso profissional deu vida, através de seus desenhos, a oficina de Papai Noel no Pólo Norte e também a lista de crianças que teriam praticado boas e más ações ao longo do ano. Os modelos que conhecemos atualmente derivam de seus trabalhos, mas foram francamente influenciados por versões criadas na década de 1930 para ilustrar propagandas da Coca-Cola, empresa esta que trocou a cor original da roupa do velhinho de marrom para vermelho e branco, sabe-se lá porque né.
O espírito natalino, desperta uma série de sentimentos produzidos por uma massiva propaganda comercial que chega de todos os meios no cotidiano de um cidadão, observa-se que há no meio comercial uma temporada de preparação para esta data com intuito de alertar a população quanto aos benefícios do consumo, como antecipar suas compras e como não esquecer ninguém querido quando estiver dentro de uma loja de presentes. Como não deveria ser diferente, o clamor natalino acaba por envolver todas as pessoas de uma ou de outra maneira na gastança, declamada necessária para com esta grande festa dos países cristãos.
É inegável o fato de uma pessoa não absorver o período de festas de fim de ano produzido, como sendo algo estranho e curioso. O fato é que o espírito natalino, que toca na alma das pessoas, desencadeia uma série de sentimentos imune aos bons costumes, sentimentos como união, saudades e amor são aflorados na costumeira festa de natal. Vêem-se inúmeros casos de cidadãos nesta época dispostos a fazer as pazes com a vida, repensando posicionamento de cunho social e afetivo, como brigas passadas, fazendo as pessoas pensarem, nem que seja um pouquinho mais nas coisas cotidianas, interpretando esta data como sendo um momento de reflexão. O correto, no entanto, é afirmar que no natal o conjunto de fatores mais aparente surge na exploração dos meios midiáticos dos mais diversos possíveis, que, paralelamente se apropriam dos sentimentos produzidos pelo espírito natalino confundindo o consumo como sendo uma válvula de escape para qualquer tipo de atrito nas relações sociais, trazendo o consumo para uma época um tanto provável, época de festas, época de décimo terceiro.
A respeito do natal, anualmente sendo uma das únicas datas onde reúnem-se na minha casa a família completa, parentes e amigos, fui tomado extremamente por este sentimentalismo infantil a ponto de não deixar de presentear qualquer integrante desse grande circuito familiar natalino. Quer saber o resultado dessa alegria? Onde está o tal do décimo?

Guilherme Zani

domingo, 20 de dezembro de 2009

Questão de Tato


Você diz pra que teatro
Eu digo que “para” nada:
Teatro é só um, entre tantos muitos nossos fatos.
Você faz cara de parede e interroga por que é caro
Eu falo das produções de alto luxo
Na contramão do fluxo espontâneo
De quem encena e atua pelo urgente (f)ato de respirar
Ser junto te-atando-nos.
Platéia, espectador, iluminador e diretor
Coxias, camarins, laços de afeto e fitas
Som, palavra, sutilezas e sugestões, escuros e silêncios
É cena sendo carne, carma sendo gente, vida sendo drama
Que encanta, reconhece, pulsa, repulsa. Contágios.
Você continua exercitando sua língua vazia e pergunta para que tanto empenho
Eu te digo: para além, para a constituição de minha própria lei, para procurar por menos respostas e crer mais nos atos pelos atos.
Para mais teatro, caro ignorante, é necessário muito tato.


Esse texto é dedicado aos ignorantes de fé, insensíveis à inerente condição humana que é o ato de criar. Contra o descaso, o desconhecimento e a preguiça, velha companheira desses senhores, dirijo esse texto. É necessário muito tato!

Na imagem, os atores do Teatro da Vertigem(SP), uma das companhias nacionais que mais fazem minha cabeça, no espetáculo BR-3.

Vale conferir os trabalhos, a trajetória, as fotos!!!, a agenda dessa gente singular. >>>>>
Muito fã! AAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!
www.teatrodavertigem.com.br

sábado, 19 de dezembro de 2009

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Baiano e os novos Caetanos - 1974


Baiano e os Novos Caetanos é o nome de um trio musical composto pelos humoristas Chico Anysio, Arnaud Rodrigues e Renato Piau satirizando no título o conjunto Novos Baianos e o cantor Caetano Veloso.

Nascida nos anos 70 como uma sátira ao tropicalismo, a dupla formada por Baiano e Paulinho (personagens de Chico Anísio e Arnauld Rodrigues, respectivamente, no humorístico “Chico City”) trazia em suas canções letras divertidas e engajadas e um instrumental de primeira, com belos arranjos de violões, sanfonas e cavaquinhos, entre outros instrumentos. Clássicos como "Vô Batê Pá Tu", que fala das delações na ditadura, ou da cocaína como preferem alguns, e "Urubu Tá com Raiva do Boi", uma crítica à situação econômica do país e ao falso “milagre econômico brasileiro”, e a bela "Folia de Reis", fizeram de Baiano & Os Novos Caetanos um nome significativo no universo da música popular brasileira.


Segue o Link funcionando do disco de 1974, o primeiro do trio:
http://www.megaupload.com/?d=9PURTUMU

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Levanta a cabeça. É um Cine Assalto


"Depois de um longo tempo de trabalho pesado lá na obra saltei do ônibus ali em frente a praça humaitá e fui andando pra casa pensando no que tinha a fazer quando chegasse. Mais ou menos quando estava já no final ali da Humaitá ouvi umas caixas de som bem alto, procurei, e logo ali, em baixo daquele canterinho, bem ali mesmo, vi uma luz...quando menos esperava uma jovem bonitona me abordou e me entregou um papel, foi logo falando o que era aquela coisa toda montada, me tratou super bem e me convidou pra sentar ali junto com aquelas pessoas. Eu estava pasmo, pensei, pleno sábado mais ou menos 19 horas, chegando cansado do trabalho e vem essa bonitona me chamando para conhecer uma coisa que era, para ela, legal e importante. Bom, não sou nenhum burro, fui lá espiar o que estava acontecendo e não me arrependi, fiquei até o fim e vi tudinho, coisa que nem em casa eu faço, realmente me identifiquei com o troço. Foi naquela tarde que conheci aquela história da comida que não serve para o porco mais serve para os humanos, tinha um lá também bem antigo com uma lorinha e um outro que foi feito aqui mesmo em Caxias, vi logo que era no calçadão e também ali no Carandiru, sabe? Aquele conjunto ali em cima? Então, bem legal, gostei mesmo"
"E o papel que a bonitona me entregou eu só fui ler em casa, achei muito legal, coloco até aqui em baixo pra voces verem, é uma parada tipo um manifesto":

Manifesto Cine Assalto

Em um domingo de novembro de 2009
A praça é do povo. E dos pombos, dos bares, das conversas descontraídas, do casal de velhinhos e dos pipoqueiros, dos pequenos meninos, dos seus próprios meninos, das amigas estudantes, dos iguais e dos diferentes. A praça é do povo. E são nestas praças que o Cine Assalto aparece assim sem avisar, com um monte de filmes e idéias interessantes, com o intuito de despertar a consciência, a amizade e o amor entre todos nós.
Somos um coletivo de amigos que dividem a mesma praça, sem a mínima intenção de eleger qualquer candidato, e com o compromisso de democratizar o que o cinema independente anda fazendo por aí e a grande mídia teima em esconder. Estamos dispostos a dividir com vocês, aqui, um outro patrimônio que também é do povo: o cinema. E é com grande prazer que convidamos a todos a estarem conosco nesta Primeira sessão do nosso Cine Assalto.
Sejam bem vindos e boa Sessão!
Filmes de Hoje:
O Signo do Caos, de Rogério Sganzerla, 2005 [Trecho]
Ilha das Flores, de Jorge Furtado, 1989
Angu TV Pobreza, do Coletivo Angu TV, 2007
Angu TV Corrupção, do Coletivo Angu TV, 2008
Um Cão Andaluz, Luiz Buñuel, 1928

"Daí em diante fiquei sabendo que uns jovens aí andam escolhendo algumas praças da cidade e exibindo alguns filmes bem legais, que nem na televisão passam. Que bom né, ja pensou isso aqui perto de casa toda semana? Hô Glória!"


CINE ASSALTO,
QUALQUER DIA DESSES BATEMOS NA SUA PORTA!

Estamos abertos para recebermos qualquer tipo de filmes independentes, qualquer dúvida ou para contato e envio----- guilhermezani@gmail.com

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Solano Trindade



Negros.

Negros que escravizam

E vendem negros na África

Não são meus irmãos

Negros senhores na América

A serviço do capital

Não são meus irmãos

Negros opressores

Em qualquer parte do mundo

Não são meus irmãos

Só os negros oprimidos

Escravizados

Em luta por liberdade

São meus irmãos

Para estes tenho um poema

Grande como o Nilo.


sábado, 10 de outubro de 2009

Memória, coisa bonita essa chamada saudade...

Depois de um sonho que acho que se passou em Minas Gerais -
pois o cenário era de muito verde,
o clima de muito frio e as pessoas de muito respeito (hahaha),
acordei com vontade de ler Drummond,
comer pão de queijo e deitar no colo dos meus amigos mineiros.
Memória = Saudade!


Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o ouvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

[dani francisco]

ivonete avisou

ela chegou calada.

sorriu

seca e prática.

a rosa murcha na mão esquerda

a boca equilibrava uma gota

não deu pra ver se era de álcool

ou se era de amor.


tive medo

o que há?


é o tipo de mulher que tinha que ser trancafiada

dentro do armário.

mas sou plácido e comedido:

sem comentários


saiu do banho

sorriu e agora a gota derramou.

puta que pariu,

ela me traiu!


conheci ivonete

bem que me avisou

essa menina não vale a roupa que veste

descobri tudo


quando a gota alcançou o chão e se espalhou

vi os boquetes

vi a mão percorrer um peito musculoso, tatuado.

traiu. a mim. a mim.

ela sorriu. novamente sorriu.

e continuou em silêncio.


foi à cozinha,

molhou os lábios

vermelhos.


- vou embora, disse.

e voltou pra casa da mãe.


dani francisco


TioAcido

Chovia muito, o guarda chuva e nada era a mesma coisa, sentia minhas meias encharcadas, trocava os passos e a água no pé me agoniava profundamente. A noite estava fria, escura, pesada no silêncio de uma noite domingueira. Como odeio o domingo! Todos dormindo para preservar a labuta da segunda. O relógio ultrapassava às zero horas, madrugada de quinta-feira, avistei um aconchegante bar, pensei em entrar, logo me contive baixando a cabeça e passando direto. Atravessei a rua. Parei. Olhei para trás, o bar estava tão calmo. Não dava para ver o que, ou quem, tinha dentro, mas, definitivamente essa informação não importava. Que mal uma dose de conhaque pode fazer? Aproveito e torço minhas meias!

Abri a porta lentamente, o ringir estridente de suas velhas dobradiças denunciaram minha entrada. Ao fundo avistei o balcão, na frente mesas de sinuca com alguns homens e mulheres jogando. Atravessei o salão, encostei o umbigo no balcão, pedi um conhaque com mel, tomei até a metade. Logo o corpo esquentou, tirei o casaco e mandei para dentro o restante da bebida. Fui ao banheiro, depois de urinar tirei as meias e torci na pia, dei uma sacudida no cabelo para ficar com a aparência melhor, confesso que me sinto bem quando me vejo belo. Olhei meu rosto no espelho, a barba forte e fechada tampava as poucas rugas que nasciam. O tempo passara, olhava com vergonha por não ver mais em meus olhos o menino desbravador e destemido que tomava o mundo em seus punhos. O que sobrou de mim foi apenas um velho frustrado, sem vontade de viver, incapacitado de amar de novo. Joguei uma água no rosto, sorri faceiro para minha imagem refletida. Saquei do bolso um cigarro. Sai do banheiro. Quando atravesso a porta esbarro numa moça que passava perpendicular a minha saída.

Desculpe! Te queimei? Sim, respondeu gemendo. Mil desculpas, para queimadura de cigarro o bom é esfregar cabelo. Logo peguei sua mão, a queimadura estava localizada no antebraço, num gesto cortês e intencional passei meus longos cabelos lisos em sua pele machucada. Imediatamente ela sorriu, um riso franco de agradecimento, selando em paz meu pedido de perdão. Afastei e ela entrou no banheiro feminino. Sai do corredor e voltei a me escorar no balcão, desta vez pedi uma cerveja, o conhaque, a queimadura e a moça me deixaram meio quente. Derramei levemente a cerveja no copo, bebi tudo de uma só vez, estava com sede, olhei para o lado e a moça atravessava o salão, meus olhos acompanharam cada segundo de sua caminhada, como a desejei. Já algum tempo não sabia mais o que era tesão. Ela parecia ter seus vinte e cinco anos, pernas compridas e cuidadosamente depiladas, a saia colada me excitava, o corpete justíssimo salpicava os seios na cara de quem olhasse.

Virei para o balcão, enchi o copo, apaguei o cigarro. Procurei racionalizar o que estava sentindo, minha testa suava e meu pau endurecia, não entendia por que isso acontecia, não era o conhaque, muito menos a cerveja, quantas vezes me embriaguei e o que só consegui sentir foi vontade de morrer. Também não era a mulher, muitas outras já tinham se jogado nos meus braços e eu não dera a mínima. Será que é o bar? Ou estou desmistificando fantasmas que a muito me assombram? Sei lá. Desde a morte de Julia eu não conseguia ter com mais ninguém, fazia mais de ano que não dava uma trepava, queria, mas não conseguia, pairava um sentimento de culpa que me distanciava de qualquer mulher, não podia fazer isso, mesmo morta a presença de Julia era viva dentro de mim.

Devo muita fidelidade à minha esposa, foi ela quem me transformou no homem coerente que sou. A ela devo minha moral, minha vida. Aonde vou sou apontado como homem de respeito. Assim, até aquele instante, era o meu desejo de permanecer.

Mas meus olhos não saiam das suculentas coxas daquela gostosa. Seu olhar de puta corrompia minha razão. Acendi mais um cigarro e com a outra mão comecei acariciar meu pênis. Comia-lhe com os olhos e ela do canto oposto do salão deixava perceber que me via, sorrateiramente se distanciou do grupo que a cercava e num canto mais escuro começou a se tocar também. Como era lindo ver sua mão roçando entre as pernas, já sentia vontade de gozar.

Decidido, parti para o banheiro, o tirei pra fora e comecei a me masturbar, estava de olhos fechados, concentrado na sua imagem, percebi a presença de alguém, nem liguei, continuei com os olhos bem fechados, de repente senti sua língua quente chupando meu caralho, gemi como um animal insano. Violentamente a agarrei pelos cabelos, encostei seus lânguidos ombros na parede, mordendo fortemente seus lábios eu amassava seu quadril contra o meu, enquanto da sua boca podia-se ouvir gemidinhos parecido com o da queimadura. Baixava o ego da tortura, que excitante seriam seus gritos de pavor. Levantei uma de suas pernas, cheguei a calcinha para o lado e enfiei com força, sabia que estava machucando e que ela queria mais. Comecei a bater na sua cara ao mesmo tempo em que chamava de vagabunda. Machucava por cima e por baixo. Ela sussurrando pedia para eu bater mais forte. Mais forte eu batia! A coloquei de quatro com as mãos apoiadas no vaso sanitário, metia forte, puxava seu cabelo, socava suas costas enquanto ela pedia a Deus para eu não parar.

Come meu cú! Come meu cú! Mete esse caralho gostoso! Me rasga! Eu sou tua, me possui! Meu pau mais duro do que nunca entrou rasgando. Que cuzinho gostoso, apertadinho! Ela chorava de dor, soluçando pedia mais forte. A mistura homogênea do cheiro dos nossos corpos me entorpecia. No vai e vem grosseiro de nossa ação a cabeça dela batia forte na parede. Segurei seu pescoço e a empurrei forte contra parede a ponto de sua cabeça começar a sangrar. Antes que ela esboçasse qualquer tipo de reação, enterrei sua cabeça no vaso, ela se debatia freneticamente, seu corpo começou estremecer, gozei exatamente nesse instante, logo depois amoleceu, soltei as mãos que sustentavam seu quadril e ela caiu estupidamente morta ao meu lado. Não satisfeito puxei o cadáver pelas pernas, sai do banheiro e desci as escadas que davam ao porão. Entre ratos e baratas arreganhei suas pernas e meti de novo. Socava de raiva sua barriga, mordi seus fartos seios até rancar os mamilos, quando senti o sangue escorrer pela boca, gozei livremente.

Sai de cima da morta, sentei no chão, limpei as mãos e o rosto. Dever cumprido, minha vingança foi cruel - se é que uma vingança pode ser benigna - lastimei ter sido com uma bela moça, rezei silenciosamente, pedi para Deus guardar a alma daquela criatura que não tinha culpa de nada, acendi um cigarro e num surto de consciência percebi a necessidade de dar um fim ao despojo, procurei um lugar para escondê-lo, o porão era pequeno, entre as caixas de bebida encontrei uma machadinha. Não pensei duas vezes, esquartejei o presunto e joguei os detritos num saco preto de lixo, meus braços ensangüentados denunciavam meu delito, os lavei no banheiro, voltei para o balcão do bar, tive a impressão que não deram falta da moça. Mais um conhaque por favor! Bebi de uma só vez. Lembrei do sorriso de Julia, lembrei do nosso amor, lembrei pavoroso de como ela me deixou, vi seu corpo estuprado e mutilado em cima da nossa cama, que dor. Me sentia aliviado, vinguei seu sofrimento e minha vingança não foi contra o homem que a abusou, minha vingança foi contra Deus que o permitiu, naquela domingueira madrugada de quinta -feira gorda o Diabo possuiu meu corpo.


RODRIGO DUTRA

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

CAN - Para iniciar a festa

Não tenho tempo pra contar história, a parada é que os caras tem personalidade única.
O que é isso de personadidade única? Pois é.
CAN, isso mesmo, CAN, pra quem não conheçe.....busque no google sobre a banda (hehehehe).
Eu, como gosto de todos aqui, facilito um pouquinho e coloco aí o link do DALAY, primeirão da banda alemã, lançado em 1968.
Façam bom proveito. . . e abram as cortinas verdes!

http://www.megaupload.com/?d=IEUPSEX5

Sexta, 17 de outubro, REVIRA JOÃO, no SESC SÃO JOÃO!!


Amigos, próxima sexta, não percam: REVIRA JOÃO, no SESC de São João.

Entrada Franca!

Até!

Navegar, eu quero

A troca de olhares, sons, universos, filmes, rosas, tintas, trabalhos, exercícios físicos, palavras, interesses, dicas, amores, funções, idéias, feriados, festas, julgamentos, maneiras de dançar, dietas, vocações, leituras, experiências e tantas outras interessantes coisas que há entre o céu e a terra, é, o que, no fundo, nos interessa.

O Verdinho da Baixada hoje é um blog que gostou, de cara, de ficar sendo gerado, ali, no quentinho dos planos. Tipo “Thill – a saga de um herói”, o novo espetáculo da Companhia Galpão, que cumpriu uma curta temporada aqui no Rio, coisa de umas duas semanas... O cara demorou pra nascer depois do “fato consumado” – em nosso caso a “vontade consumada” de expor idéias. E, como Thill, ao longo do tempo, ele pode tornar-se esperto, porém sem muita consciência, pra quê também pensar tanto? A beleza tá nos olhos de quem vê. Lembro de uma querida amiga, a qual convivi algum tempo enquanto a encenava, chamada Baby. Na peça, essa minha personagem, que se tornou uma sábia amiga na minha lembrança, falava: “Se a realidade te alimenta com merda, a mente pode te alimentar com flores!”

Navegar é preciso.

Dani Francisco

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

ESTALO

SEI MUITO BEM QUEM EU SOU, COMO QUERO SER E QUANDO QUERO.
SEI MUITO BEM QUE NUNCA QUERO NADA, OU AS VEZES QUERO TUDO
SEI QUE NÃO QUERO SER ASSIM MAIS TENTO ESQUECER QUE SOU, SEI TAMBÉM QUE ÀS VEZES ATÉ GOSTO, E CONTO UMA ESTÓRIA.
PECAR PRA QUEM? QUEM QUER SABER? PORQUE QUEREM SABER DE TUDO?
ESPERO O FUTURO, O OLHO PRESO SEMPRE NO FUTURO,
SERÁ ISSO?
PRESENTE?
ONDE?
PARECE O FUTURO, E MAIS
O QUE EU MAIS PENSO QUE NÃO TENHO EU TENHO DE SOBRA E O QUE EU NÃO TENHO PENSO QUE SOBRA.
DE REPENTE O MOTIVO, DE SER ASSIM.
ASSIM TÃO NORMAL.
TENTANDO SER QUEM?

Guilherme Zani

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Tutu, o rei!

-Quem num quer ter um bom patrão?

Numa mesa de bar, com belas mulatas, samba e sinuca é onde me aprofundei no misterioso caso que parou o grande centro de uma cidade muito grande, povoado por aproximadamente 200000 mil habitantes.

-Desce mais uma aqui na mesa Raimundo!

Benedito sabia de tudo, morava na comunidade ha pelo menos 30 anos e participou como observador, e ainda crítico, de todos os acontecimentos exóticos da favela, entre eles; o uso de drogas,crianças armadas, espancamentos, brigas e ainda chacinas, torturas, covardias, guerras de facções, epidemias, demolições de casas em massa, já presenciou e criticou a omissão do estado na comunidade como a falta de escola, de moradias adequadas, de segurança, de lazer, de saneamento, enfim, um sujeito bem informado que conhece como a palma de sua mão o local onde vive e diz se relacionar com noventa e cinco por cento do “povo do lugar” como costuma dizer.

-Benedito bem que me disse que igual a ele nunca teve!

O grande ponto de partida se deu numa tarde de inverno,quando as pessoas chegavam do trabalho, um movimento retilíneo, e não uniforme, de uma gente feliz necessitando de prosear o cotidiano comum. Tutu estava lá. Depois de conquistar a chefia das bocas de fumo no lugar, o ainda desconhecido Tutu, distribuía cobertor pra quem estivesse sentindo frio no inverno, se apresentava para todas as pessoas do bairro e dava algumas dicas de como seria daqui por diante. Tomou medidas imediatas; proibiu moradores da favela de assaltar transeuntes e lojistas no entorno da comunidade, dizia que a polícia não entrava se ninguém for roubado ali por perto; traçou uma relação com lojistas da região praticando uma troca de favores; criou um baile que funcionava uma vez por semana, sempre lotado atraindo clientes para os negócios; criou uma relação sadia com a polícia local em troca de subornos semanais, a venda não podia parar de funcionar, pelo menos sem prévio aviso. Foi assim durante muito tempo, acumulou armas, poder, mulheres, filhos, amigos, inimigos. Com sua visibilidade e sua influência na comunidade era constantemente procurado por políticos que buscavam sua ajuda para se eleger, Tutu articulado, consegue um pouco de votos pra cada um, deixando feliz todos e aumentando ainda mais a sua influência, agora até na política. Tutu já era o rei. Datas comemorativas não faltavam presentes para a criançada, natal, dia das crianças, Cosme e Damião, qualquer coisa era motivo para festa. Possuía como todo líder um lado negro, e isso ele não escondia de ninguém, os seus inimigos morriam na frente de qualquer um, não se sentia mal em matar na frente de uma criança ou de uma senhora, matava pois dizia que tinha muita gente ruim no mundo, matava por prazer da vingança, matava por ódio, por orgulho, tudo era motivo de acertar as contas, o que era dado com uma mão, parecia ser tirado com outra, mas a comunidade pra ele era o bem maior e Tutu não a toa chegou onde chegou. Carismático, passeava pela favela com alguns seguranças contando piada e conversando com os mais velhos, inclusive Benedito, dizia que ele era o nordestino mais animado do pedaço e sempre o chamava de aliado 1.

-Mas tem que sair entrando e atirando? Que mania!

Depois de muito tempo de liderança parece que o bandidão que a cada dia fica mais famoso vai continuar sendo procurado pelos agentes do Estado. Tutu passeia livremente pela comunidade, sempre armado, a polícia não tem interesse em matá-lo, ele é lucrativo, é um bom negociante e assim vai sendo durante anos quando numa manhã fria de inverno aproximadamente 5 horas de domingo tiros são escutados e mais tarde se tem a noticia materializada na calçada de uma viela da favela, com 6 tiros pelo corpo daquele que parecia ser o eterno pai da comunidade, Tutu, estirado no chão, morto por uma equipe cruel da polícia militar, julgado e condenado sem burocracia com mais 3 comparsas também julgados e condenados, julgados por um exército de soldados e condenado a morte pelos mesmos soldados.

-Que nada, aqui é da ou desce, eu já sabia que teria um dia!

Amanhece carente a comunidade, revoltados os moradores se reúnem e tentam um ensaio rebelde, não conseguem. Dúvidas pairam no ar. Acontece que ninguém esperaria um final assim tão rápido ao querido Tutu, últimos grandes nomes do crime foram homenageados com ônibus excursionando aos cemitérios, com vigília na favela, fogos, lembranças e tudo mais, todos sabiam que algo estava pra vir. E foi assim. O luto silencioso teve fim na fria manhã de inverno de segunda feira. O movimento saiu para as ruas do centro. Armados, os comparsas tristes com o assassinato de seu líder saíram em bando, montados em motos, carros e a pé espalhando o medo, fecharam comércios, atiraram para o alto, quebraram algumas vidraças dos que se recusaram a fechar suas portas, atiraram em cabines policiais, exigiram que as pessoas não saíssem na rua durante 5 dias, espalharam panfletos com estas exigências, se mostraram organizados, houve alguns conflitos pela cidade com a polícia, alguns mortos, ruas fechadas, pânico total em plena segunda feira, caos.

-Rapá, essa porra da um livro!

Após uma noite tensa para a população da grande cidade a terça-feira incerta amanhece obscura e ainda fria, pessoas comentam e medrosamente saem para o seu trabalho, crianças se direcionam as escolas, os ônibus da cidade rodam normalmente, aparentemente paz. Após o almoço quando o primeiro caso aconteceu, um bando invadiu uma escola amarrou a diretora colocando um bilhete na sua boca alertando para o descumprimento do luto imposto pelo grupo. Assim aconteceu com o diretor de um hospital, um bancário, lojistas, motoristas de ônibus, trabalhadores em geral, todos amarrados com o mesmo bilhete de alerta máximo. Caos! Quando tudo parecia que tinha acabado, estava apenas começando agora. Depois de uma terça ameaçadora o número de policiais nas ruas de quarta feira triplicou, em toda manhã via-se polícia, mas a população estava reduzida a 40%, nem todas as lojas estão abertas e o medo parece que toma conta da cidade, via-se muito papel no chão nesta quarta e esses bilhetes posteriormente perceberam que eram mensagens dos comparsas do falecido para todos continuarem o luto até as 5 horas de sexta feira e as lojas que estão hoje abertas amanhã estarão saqueadas. O medo invade os corações desacreditados, na quinta, com agora 90 % do comércio fechados há uma tentativa de intervenção federal para colocar a cidade para funcionar, tentativa frustrada, quando não se via nem bandido, nem pessoas nas ruas não tinha muito o que fazer, apenas esperar o fim do luto imposto.

-Pela primeira vez eu tirei férias daquela loja maudita!

A sexta-feira era de expectativa, as pessoas estavam ainda amedrontadas, havia um certo pensar universal, as aflições queriam ser colocadas para fora e a prisão imposta pelos comparsas de Tutu à classe média inclusive, efetuaram um efeito raro que tem de ser estudado. As pessoas sentiam necessidade de segurança, o medo foi espalhado literalmente na cidade, por mais que a calmaria da manhã de sexta possibilitava uma esperança de que tudo aquilo iria passar logo mais, as 17 horas. As pessoas se amedrontavam por nada, ou quase nada. Havia casos de infarto por susto, uma epidemia de síndrome de pânico afastou as pessoas do centro comercial, a casa agora era o principal refúgio e o assunto que pauta o tempo era o dia a dia assustador ,a falta de segurança total e se algum dia tudo voltaria ao normal. Na favela de Tutu o descontentamento era universal , era fato simples rodas de amigo comentando o que seria da favela agora sem o “paizão”, dúvidas de quem seria o novo chefão do local aterrorizava os moradores, surgia um medo nunca visto antes dentro da favela, medo de o chefão ser o famoso Tripeiro, um sujeito cruel e corrupto que não está tão voltado assim para as causas sociais dentro da favela.

-Que nada, o prejuízo foi todo nosso!

O relógio batia as 16:00, faltava uma hora para o término do caos e situações estranhas começaram a acontecer. Numa determinada rua do centro aconteceu um arrastão, não um arrastão comum,com roubos e furtos, era na verdade uma caminhada de mais ou menos 300 pessoas que vestiam preto e usavam botas, ninguém soube identificar o que realmente eles queriam, as pessoas diziam não conhecer a turma que participava da caminhada, mais tarde, os curiosos saíram para as ruas buscando alguma esperança de que tudo voltaria ao normal, voltou. Exatamente as 17:00 apareceram bilhetes espalhados pelas ruas, a mensagem que os folhetos traziam era de paz e prejuízo, um balanço final foi feito pelos traficantes, o sucesso era total, o luto trouxe algumas mortes, confusões, brigas, porém para eles o tempo agora era de paz, agora, depois das 17hrs o Estado poderia tomar conta da cidade. Pelo lado do Estado o noticiário da TV a nível nacional relatava os 5 dias de caos e omissão dos órgãos de segurança, o prejuízo contabilizava pouco mais de 1 bilhão, as pessoas, medrosas, ainda hesitavam em sair de suas casas, os órgão públicos voltaram a funcionar em caráter de emergência desde o término das sanções imposta pelos mafiosos, os bancos eram os únicos que estavam ainda fechados devido ao horário impróprio para o retorno a rotina, lojas estavam abrindo a noite para compensar o tempo que perderam fechadas, escolas já articulavam horas extras para colocar em dia a matéria, escritórios, transporte, hospitais, tudo foi se normalizando, agora nesta mesa de bar sexta-feira, pós o caos, parece que para as pessoas, tudo vai acabar amanhã, observo os corações afoitos, com sede de vida, e de cerveja, comentando sobre os últimos acontecimentos, relembrando histórias, criando relações, voltando ao cotidiano numa noite de sexta, como tinha que ser.

-Ainda bem que foi rápido, mas acho que valeu a pena.

Guilherme Zani