domingo, 30 de janeiro de 2011

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Jorge Mautner comemora 70 anos no Circo Voador


Depois de um dia de sol no trabalho, o que não me convém como o ideal de verão e principalmente por estar trabalhando, resolvi deixar meu cansaço de lado e partir para Lapa, em plena segunda feira, para assistir ao show de Jorge Mautner. Comemorando 70 anos de idade, o artista convidou uma grande turma de músicos para fazer a festa com ele. O legal é que dentre estes convidados estavam figuras de peso no cenário musical, verdadeiros mestres como Jards Macalé, Gilberto Gil e um tal de Caetano Veloso, tinhoso como sempre.

Esperava-se uma grande noite, e logo no início da festa foi que aconteceu o momento mais empolgante, ufa! Chegando no Circo Voador e assustado com aquela fila quilométrica (dessa vez sem exageros), atravesso a rua buscando ânimos para enfrentar a multidão e resgatar os ingressos, quando encontro nada mais , nada menos que Jorge Mautner, o dono da festa, sozinho e me olhando. Bom, cumprimentei com o "parabéns para você", "pela idade e pela carreira", e ele retribuiu com um sorriso sincero de agradecimento e felicidade. Atravessei a rua já arrependido de não ter tirado uma foto com o cara, mas, principalmente, de não ter soltado pra ele "Eu quero ser uma locomotiva, para atropelaaaaaaarrrrrr, você ...." o trechino inicial da música do seu primeiro disco que tanto me diverte. Mautner atravessou a rua em direção ao Circo para comandar a festa e fez isso lindamente.
Depois de furar algumas filas, conseguimos entrar na casa, antes de mais nada vaga-lumes surgiram no ar e em todas as partes, e víamos aquilo com carinho. Subimos as escadas, arquibancada lotada, descemos e conseguimos um lugar bacana - até certo ponto. Jorge Mautner entra em cena para iniciar os trabalhos, conta histórias, fala de religião, fala dos tristes acontecimentos na Região Serrana do Rio e inicia um grande espetáculo com a presença dos músicos da Orquestra Imperial.

O primeiro convidado foi o grupo AfroReggae, depois vieram outros artistas até entrar no palco Gilberto Gil que levantou a galera com Mautner. Tocando Maracatu atômico, foi aí que começou a acontecer as falhas no sistema de som na casa. Gil estava cantando quando o microfone falhou por um tempo, depois o desastre foi maior. Jards Macalé, grande parceiro de Mautner, entrou em cena para se divertir com o amigo e não ficou lá muito satisfeito: seu violão estava baixo de mais e o violino de Jorge Mautner não funcionava de jeito nenhum. O problema continuou durante toda a apresentação de Macalé, uma falta de respeito com os músicos e pura incompetência dos técnicos e produtores que acham que trabalhar com arte é diversão de fim de semana a la Woodstock.
Depois disso Mautner não conseguiu mais ver o seu violino, só bem depois. O som estava mal equalizado e a falta de comunicação dos organizadores ficou evidente. Fiquei puto, puto mesmo, R$ 25,00 para assistir a um show que eu tanto espero, casa superlotada insuportavelmente, e estão economizando na qualidade do som, da mão de obra técnica ou seja lá no que for para quê?
E falando no público, estava mesmo insuportável, a grande maioria estava de onda, só querendo ver o Gil e o Caetano, coisa de modinha. Lembro que o tempo passava e nada de Caetano, achei mesmo que ele não apareceria, acreditei nisso por muito tempo mas ele veio, e trouxe toda aquela multidão pra cima de mim. Não aguentei, passei mal, fiquei tonto, já não via vaga-lumes.
Saí para um ar fresco bem lá atrás, e lá eu fiquei, Caetano cantou umas 3 músicas, depois umas marchinhas de carnaval, quando me aparece no palco Jorge Vercilo. Legal, né? Legal eu estar bem lá atrás. E foi isso, o show acabou, que pena que não vi Luiz Melodia, ninguém justificou a ausência dele, que bom que não apareceu um tal de Pedro Bial e parabéns ao Mautner, parabéns pelo nível de improviso, pela lucidez tamanha e por saber tocar violino imaginário.

Acompanharam-me nesta aventura, Dani Cisco, esposinha, Prestor e Fátima, amigos.

Guilherme Zani


Mautner comanda a festa


GIL


Jards Macalé e Jorge Mautner,
violino sem som.

Caetano Sensual




domingo, 16 de janeiro de 2011

Belchior, Mote a Glossa - 1974




Belchior, como conhecemos, tem um nome completo e tanto, chama-se Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, tão grande como o seu trabalho como artista. Belchior nasceu no municípuo de Sobral, no Ceará, e foi por lá, na década de 60/70 que após trabalhar na rádio sobral, abandonou a facudade de medicina para se dedicar exclusivamente a música, daí em diante conheceu toda aquela turma de jovens compositores, como Fagner, Ednardo, Rodger, Teti, Cirino e outros – conhecidos como o Pessoal do Ceará.
Belchior depois de vencer o festival de música universitária começa a ser percebido e e entendido, em 1972 vem para o Rio de Janeiro e lança, em 1974, seu primeiro disco, mote a glossa, que revela uma mescla de necessidades e conceitos novos, tanto nas músicas como nas mensagens. O disco levanta questões urbanas com um toque de sensibilidade, as músicas possuem uma variação autêntica que mostra a diversidade musical proposta, e a riqueza de conceitos nas músicas.
Belchior lança depois disso mais 15 discos que comprovam a capacidade artistica deste mestre, suas músicas me acompanham desde pequenininho, era um dos preferidos do repertório da mamãe ao arrumar a casa, e eu, como em todos, fui ouvindo, me acostumando, gostando, cantando, e bem depois, entendendo.
Obrigado mamãe!

Estou postando o primeiro disco, mote a glossa de 1974, para mim uma obra prima da música brasileira, o link está no título, é só clicar, baixar e se divertir.

!!!!!!VERDINHO DA BAIXADA!!!!!!!!

sábado, 8 de janeiro de 2011

No chão, raízes

Vivi durante seis anos nas mágicas Minas Gerais. Esbarrei no sertanejo mineiro, na calma das montanhas e no som de um Brasil profundo feito na viola de gente de muita fé. Gostei. E muito.
Entretanto, não tirei o meu pé desse chão que aqui ficou. O chão do Parque Amorim, do Lote XV, de Belford Roxo, do calçadão de Caxias, do Gramacho, do Jardim Leal, do Amapá. Chão da infância, do cabelo solto, do calor das três da tarde, das luzes amareladas dos postes, chão de asfalto frágil onde todas minhas vontades sempre foram convocadas.
O chão de terra batida da Rua do Ouvidor, “a minha rua”, foi o primeiro palco e onde, pela primeira vez, me foi dado a oportunidade de acessar a emoção teatral. No quintal de minha tia-avó, pude constatar como árvores e cães ficavam, sem pressa, mais velhos e como evangélicos eram recepcionados sob um abacateiro para tomar café e conversar sobre a palavra do Senhor com aquela católica tão atenta às outras religiões e crenças. Uma doce botafoguense roxa.
Foi no mesmo chão, de lama e água suja, que caí na tentativa de andar de patins, febre do momento. Coisa de norte-americano. Não aprendi e devolvi aquilo que não era meu, primeira lição de civilidade. Ao longo do tempo, algumas ruas ganharam a roupagem de um asfalto mais duradouro, embora não menos resistente. Alguns esgotos a céu aberto foram saneados. Orelhões foram instalados, algumas praças construídas, outras destruídas assim que um novo governo municipal tomava posse.
Um longo trecho de mangue, que ficava quase em frente à minha casa, foi soterrado por toneladas de barro retiradas da barreira da rua detrás. Conclusão: as fotografias do bairro vistas de cima nunca mais foram as mesmas e as cobras deixaram em paz os vizinhos.
O mangue hoje são três quarteirões. Com casas, calçadas, meio-fios e postes. Entretanto, porcos e vacas ainda perambulam pra lá e pra cá. Vocação rural. Onde era a linha do trem, hoje é uma estradinha sem graça, com muito mato e pedras que relembram a história de uma Baixada com muitos caminhos históricos e de trens que apitavam um cheiro de interior que agora não existe mais.
Não, não é que não tenha mais. É que estamos tão ocupados em envolver pelas bordas a cidade grande, que nos desligamos da dinâmica da terra, da natureza e de nossa ancestralidade negra, nordestina, popular e mestiça a qual originou, por exemplo, as matizes da capoeira, do samba-ritual e do jongo na Baixada Fluminense.
Personagens de uma formação territorial e humana tão rica e significativa para a história do Rio de Janeiro e do Brasil, que se torna insuportável a burra insistência dos meios tradicionais de comunicação em colar à Baixada Fluminense a única, estéril e ignóbil imagem de uma região cercada por violência, miserabilidade humana e corrupção.
É raso esse tal discurso em torno dos termos periferia e centro. É preciso sacar qual o interesse que envolve a fragmentação dos territórios e por onde anda o nosso direito de transitar pelo espaço urbano.
O fato é que as classes dominantes sempre acreditaram, realmente, que possuíam o domínio das classes “de baixo”. Dessa maneira, foram e continuam a ser inúmeras as tentativas de esvaziamento de sentido dos valores da cultura popular. Tudo em nome de um modo classista de ver, apreender e amordaçar o mundo.
A questão que me coloco é se estamos tão na mira assim, tão passivos assim, se merecemos ser e se vestimos a carapuça dessa massa tão subestimada e se somos mesmo tão alienados a tudo que nos é empurrado como verdades e fatos irrevogáveis.
Sabendo que as retinas de todo o Brasil são teleguiadas a partir de uma “carioca way of life” vendida a doses cavalares por telejornais, publicidades, programas de auditórios e novelas, e que o resto é pé na jaca também, podemos bater no peito com orgulho e afirmar que somos uma nação de bestializados pelo dogma do controle remoto?
E as nossas crianças que crescem à aura de formatos prontos, retrógrados e preconceituosos de se fazer notícia, teledramaturgia e entretenimento, estão mesmo expostas e fadadas a todo esse drama xuxesco?
Claro que não. Em primeiro lugar, não é “todo o Brasil” que tá ligadinho no canal 4. Algumas partes do país simplesmente não ficam “ligadinhas”: a energia elétrica nem chegou. Cidadãos e cidadãs em toda a parte do território nacional têm se organizado pra discutir, questionar, reivindicar e propor, através de horizontes éticos, mudanças de realidade. Amadurecendo, dessa maneira, a noção de democracia e gestão participativa e o dever do Estado sobre o conjunto social. E ainda desligando a TV.
Indo na contramão de tudo que nos é pautado, coletivos populares articulados e em dinâmica conscientização da importância da partilha de valores e vínculos sociais, tecem suas ações na força da criatividade, da cooperação e na idéia que a existência humana é uma existência dialógica, pois o homem é, primordialmente, um ser de relação. Eis a palavra: relação.
Metodologias e ações de educação não-formal se espalham pelos quatro cantos do país: rádios e jornais comunitários, audiovisuais realizados por pescadores, grupos lésbicos feministas, técnicas circenses oferecidas em praça pública, ações sociais promovidas por grêmios de estudantes da rede pública, empreendimentos de economia solidária, escolas de comunicação crítica, movimentos do campo pela reforma agrária, associações de moradores, a saúde da mulher negra sendo debatida em terreiros de candomblé, espetáculos teatrais com temáticas sociais, cooperativas e associações populares, entre tantas e tantas outras iniciativas as quais vislumbram um outro repertório sociopolítico para o país a partir da energia transformadora da mobilização social. Mobilização essa ativada, também, pelo poder da emoção vivida e sentida em grupo. Vão dizer que eu romantizo. Não tô nem aí.
Essas ações, quando veiculadas pela grande mídia, são exibidas às 6h da manhã de sábado. Cê tá acordado? Nem eu. As retinas enxergam a Baixada Fluminense da violência, da miserabilidade humana e da corrupção, mas não percebem a Baixada Fluminense das gentilezas, das tentativas de emancipação, dos movimentos sociais, do cinema artesanal popular, da inventividade, do grito dos excluídos, dos poetas marginais. Será que só a carroça dos enjeitados nos serve como manchete?
Iniciativas que atuam pelo desenvolvimento humano de regiões como a Baixada Fluminense não estão no Caldeirão do Huck. E por que estariam, cara pálida? Muitas vezes elas passam pela gente, dizem alô, e a gente continua a olhar o sinal fechado e esse trânsito que não anda.
O mangue soterrado, a linha de trem arrancada, o abacateiro de minha tia, as noites de lua cheia no Amapá, o teatro na Rua do Ouvidor e as praças inacabadas, hoje são retratos amarelados pela poeira da minha memória. Porém, vivos na emoção e na carne. Imagens que me impulsionam na direção de tudo aquilo em que acredito e que não quero esquecer. E o chão disso tudo é a valiosa cultura conservada nos pés descalços.

Dani Francisco

sábado, 1 de janeiro de 2011

Jards Macalé - 1972



Vou começar dizendo que quem não conhece esse primeiro álbum de Jards Macalé sofre de intensa carência. Isso mesmo, carência, falta de algo necessário, falta de algo que o corpo e o espírito pedem. Este primeiro disco vem seguido de 2 compactos que Macalé lançou em 1970/71, o disco foi gravado as pressas e selou um estilo de música nunca antes feita no Brasil. Jards mesclou rock, samba, jazz, bossa-nova, tropicalismo e melancolia de maneira perfeita e com uma intensidade surpreendente.
Segue o link deste disco com 9 faixas mágicas, que com certeza, ocuparão os espaços vazios de espíritos cada vez mais dançantes e de mentes cada vez mais insaciáveis.

Faixas:
01. Farinha do Desprezo
02. Revendo Amigos
03. Mal Secreto
04. 78 Rotações
05. Movimento dos Barcos
06. Meu Amor me Agarra & Geme & Treme & Chora & Mata
07. Let's Play That
08. Farrapo Humano - A Morte
09. Hotel das Estrelas

LINK NO TÍTULO

FELIZ 2011 PARA TODOS, PAZ, SAÚDE, AXÉ...